A temporada regular finalmente acabou e com isso, chegou a melhor época do ano: os Playoffs. O mata-mata do melhor basquete do mundo que conta com os melhores times e jogadores. Oklahoma se classificou pela nona vez nos últimos dez anos para a fase final, dessa vez, em sexto colocado. Mas e agora? O que vem pela frente?
Se pudéssemos definir nossos 82 jogos de temporada regular em uma palavra, essa palavra seria inconsistência. A inconsistência sempre existiu, afinal, somos um time recém-formado que desde a saída de Kevin Durant, procura uma nova identidade. Nessa temporada não foi diferente.
Nossa defesa era uma das melhores da liga e o ataque, na medida do possível, fazia o suficiente para vencermos jogos. Em certa parte da temporada, nosso foco era disputar a segunda colocação da conferência com Denver, contudo, a inconsistência chegou para ficar.
Logo após a pausa para o jogo das estrelas, um caos alarmante tomou conta de Oklahoma City. Jogos ruins atrás de jogos ruins e sequências negativas se formando cada vez mais. Tiveram sequência de 10 jogos com apenas duas vitórias, cinco derrotas seguidas... e com isso, nosso almejo por mando de quadra nos Playoffs foi por água abaixo.
Se serve de conforto, encerramos a temporada bem. Foram cinco vitórias consecutivas em jogos que marcaram: a confirmação da melhor temporada da carreira de Paul George com um game winner contra Houston, a terceira temporada consecutiva com média de triplo duplo e um jogo de 20-20-20 de Russell Westbrook, e duas quebras de recorde da franquia contra Milwaukee, assistências (40) e cestas de três (23).
Ao longo da temporada também tivemos agradáveis surpresas individuais que ao longo dessa pós-temporada, serão fundamentais para o sucesso do time. Primeiro, Jerami Grant.
Nosso ala-pivô que se tornou titular após a saída de Carmelo Anthony, mostrou que não é apenas um role player qualquer. Jerami foi um complemento e tanto nesse time do Thunder que se mostrou tão valioso quanto qualquer outro membro do quinteto titular.
Misturando um jogo atlético com esperteza, Grant foi nossa melhor surpresa da temporada e já nos dá dor de cabeça para sabermos se vamos mantê-lo ou não para temporada que vem, visto que seu salário vai aumentar com certeza.
A outra surpresa foi menos esperada ainda, o segundanista Terrance Ferguson. T-Ferg que chegou no ano passado sem muito alarde e vinha para mais uma temporada de reserva, foi surpreendido com a opção tomada por Billy Donovan de colocá-lo como titular no lugar do lesionado Andre Roberson.
No início, um caos. Víamos ali uma posição que era muito forte com Dre ser jogada fora com Ferguson. Mas depois de muito esforço e apoio dos colegas, o ala se tornou algo que sempre precisávamos e não esperávamos que fosse ele que ia nos dar: um 3andD. Já escrevi sobre ele aqui no blog, confere lá que você se situa bem melhor: http://okcbrasil.blogspot.com/2019/01/a-redencao-de-terrance-ferguson.html
A outra surpresa foi o pivô reserva Nerlens Noel. O pivô que deu mais errado do que certo na NBA, também chegou sem muito alarde para ser reserva de Steven Adams e acabou que, muitas vezes, foi mais útil que o neozelandês.
Nerlens traz para o time algo raro trazido por Adams, que é a versatilidade. Noel é mais leve, sendo assim, mais ágil. Um missmatch pra ele contra um armador acaba sendo normal e até mais favorável pra ele devido ao seu tamanho.
O caminho até as Finais:
Terminando com campanha de 49 vitórias e 33 derrotas, ficamos na sexta colocação da conferência, ficando assim, na chave de Denver, San Antonio, e nosso adversário de primeira rodada, Portland. Dessa forma, nos livramos de confrontos contra Golden State e Houston até, pelo menos, a final de conferência.
Para um time que quer ser campeão, não adianta escolher adversário, mas veja bem. Hoje somos um time desorganizado que precisa de, acima de tudo, confiança e uma boa sequência para se estabelecer nesse momento tão importante da temporada. Caso enfrentássemos Golden State agora, a chance de perder seria grande. Eles já tem um time melhor e a confiança do lado deles.
Ao meu ver, para se ter chance contra um time como o de Golden State, é preciso de uma série de coisas.
Primeiro e óbvio, a qualidade. É preciso, no mínimo, ter um time competitivo. Segundo é ter confiança, e temos a chance de construí-la no caminho até as finais. Caso consigamos derrotar Portland e posteriormente Denver/San Antonio, chegaríamos para um suposto confronto contra o Warriors repleto de confiança. E com confiança, surge o último ponto, que é a vontade. Raça pra quem preferir.
Um time com vontade de vencer, com a torcida inflamada, deixa qualquer adversário boquiaberto que seja. Juntando o fator qualidade, confiança e vontade, você forma um leque que, pra derrotar grandes times, chega a ser o pacote básico.
Portland:
Poderíamos enfrentar Denver ou Houston nessa primeira rodada de Playoffs, contudo, quis o destino colocar Portland em nosso caminho. O mesmo Portland que vem protagonizando uma das nossas maiores rivalidades das últimas duas temporadas.
Em 2017-18, fomos varridos na temporada regular por eles. Na atual, varremos. Mas os jogos não ficaram marcados pelas disputas com a bola, mas sim pelos conflitos extra-quadra. Os encontros de Thunder e Blazers tiveram de tudo, mas tudo mesmo. Listemos eles então:
1) Jogo histórico em Oklahoma
Russell Westbrook e Paul George se tornaram a primeira dupla na história da NBA a alcançaram um triplo duplo de 20 pontos. Para Russ, isso é rotina, mas pra PG, não. Esse foi o primeiro triplo duplo do ala desde 2014. Na ocasião, OKC vencer por 120 a 111.
2) Um dos melhores duelos da temporada regular
Eu não sou o dono da verdade mas sei valorizar bons confrontos de basquete. No último encontro das equipes na temporada regular, Russell Westbrook e Damian Lillard protagonizaram um dos melhores duelos entre jogadores da temporada.
Na partida que foi para a prorrogação, nosso armador terminou com 37 pontos. Do outro lado, Dame terminou com 51 pontos, não suficientes para evitar a varrida de Portland para nós (quarta derrota em quatro jogos)
3) Rivalidade à flor da pele
Não é novidade que os jogadores de OKC e Portland não se gostam e no segundo encontro das equipes na temporada, tais conflitos vieram à tona, sem dó nem piedade.
Primeiro, ainda com o jogo rolando, Russ e Dame bateram boca enquanto o armador de Portland cobrava lances-livres. Russ concluiu a discussão com "Eu venho acabando com você há anos". Veja:
A partir disso, claro que Dame não ficou quieto. O armador que assim como Russell Westbrook nasceu e foi criado na Califórnia, disse não ter entendido a grosseria de Russ: "Achei que éramos amigos, não entendi". Apesar disso, Lillard não deixou de alfinetar e decretar "guerra" contra Oklahoma em postagem do instagram.
Acabou, né? Negativo. Ainda nas redes sociais, o pivô Jusuf Nurkic respondeu uma postagem de entrevista de Russell Westbrook, o chamando de "Westbrick", fazendo alusão aos seus arremessos errados que são "tijolos":
Já no último jogo da temporada em Portland, Russ e Nurkic não poderiam deixar suas desavenças de lado. Ambos deixaram de falar e partiram para a ação. O pivô bósnio começou deixando o pé para Russ tropeçar, e aí é claro que Russ não deixou passar batido. Veja:
Brigas, jogos históricos, duelos históricos, prorrogações... teve de tudo e mais um pouco entre Oklahoma e Portland na temporada regular. Essa série de primeira rodada já tem a bagagem pra ser facilmente uma final de conferência.
Prévia da série:
Diferente da temporada regular, já começamos com uma vantagem, que é a ausência do bósnio Jusuf Nurkic. O pivô fraturou a perna e assim, fica de fora por um bom tempo, fazendo com que o time de Oregon perca, e muito, sem ele.
Nurkic não é só mais um pivô brigador, mas é a principal válvula de escape desse time. O bósnio é inteligente, além de pegar rebotes e pontuar com esperteza, serve como âncora em diversas oportunidades, sendo até grande criador de jogadas. Foram 233 assistências em 72 jogos pra ele, o oitavo com mais entre pivôs.
Além de ter as melhores médias da carreira em todos os quesitos, outro número importante que mostra a importância de Nurkic para Portland são as Win Shares, número que faz uma estimativa de vitórias em que o jogador contribuiu. Em média são 7.8 vitórias, mais do que CJ McCollum (5.6).
A ausência dele pesa ainda mais pelo fato de seu substituto ser Enes Kanter, que convenhamos, é um dos, quiçá pior pivô no quesito de defesa da liga. No ataque ele até se vira bem, mas na defesa, é muito corpo mole. Steven Adams e Nerlens Noel terão caminho aberto, e muito importante, para nos ajudar nessa série.
Falando da série de maneira geral agora, o fato de termos vencido os quatro jogos da temporada regular não influencia em absolutamente nada. Influenciaria, talvez, se tivéssemos aproveitado essa vantagem para ter o mando de quadra, mas não foi bem assim. Eles tem o mando de quadra e em Playoffs, isso é sempre um ponto a mais.
Foto: Reprodução/USA Today Sports |
Devemos ficar de olho, claro, em Damian Lillard que gosta de jogos grandes. Um olho nele e o outro em CJ McCollum, que nos confrontos contra nós, teve seu peso. Seja negativo ou positivo.
Marcado muitas vezes pelo bom Terrance Ferguson, CJ conseguiu mostrar seu bom basquete em apenas um jogo da temporada cujo terminou com 32 pontos com 7-12 do perímetro. Fora isso, seu melhor jogo foi de 25 pontos em que teve aproveitamento de 9-24 e 3-11 do perímetro. Nos outros dois: 13 pontos (5-20/1-7) e 10 pontos (4-15/2-6).
McCollum é a ajuda que Lillard precisa, é a dupla dele. Se mantivermos o bom repertório contra ele, sairemos bem na vantagem. Vale dizer também que ele não está 100%, voltou às quadras há pouco tempo após perder alguns jogos por lesão no joelho.
O cenário é favorável para nós, e até arrisco dizer, sem clubismo, que somos favoritos no confronto. Mas são em ocasiões assim que nosso principal adversário gosta de aparecer: nós mesmos.
Essa rodada, acima de tudo, vai servir de confirmação para nós. Uma série forte e convincente contra Portland pode mostrar para a liga que, o time inconsistente de 82 jogos, está disposto a dar trabalho na época mais importante do ano.
Meu palpite? Sendo otimista, vencemos a série em 5 jogos. Segue abaixo o cronograma de horários, dias e transmissões da primeira rodada contra Portland:
Jogo 1: Domingo (14/04) em Portland (ESPN) - 16h30**
Jogo 2: Terça (16/04) em Portland (SporTV) - 23h30 **
Jogo 3: Sexta (19/04) em Oklahoma (ESPN) - 22h30 **
Jogo 4: Domingo (21/04) em Oklahoma (SporTV) - 22h30 **
*Jogo 5: Terça (23/04) em Portland
*Jogo 6: Quinta (25/04) em Oklahoma
*Jogo 7: Sábado (27/04) em Portland
* = se necessário
** = horário de Brasília
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