O cenário era de um ala que tinha como simples missão substituir o melhor defensor do time, um dos melhores da liga, em apenas seu segundo ano da liga. Em um time que entra na temporada como um dos possíveis concorrentes à título, um jogador que começa mostrando um basquete pífio, sem exagero, é queimado logo cedo. Esse era a situação de Terrance Ferguson.
Foto: Bryan Terry/NEWS OK/The Oklahoman |
Em seu primeiro ano na liga, Ferguson ficou marcado pelo seu atleticismo, enterradas e as vezes, lampejos de um bom arremessador. Mas nenhuma expectativa grande foi colocada. O calouro desse ano, Hamidou Diallo, já era visto com mais expectativa do que ele. Sem receber muita atenção, T-Ferg a conseguiu, mas da pior maneira possível.
Início de temporada muito fraco, que só dava dor de cabeça para o torcedor do Thunder. "Vamos ter que aturar isso até a volta do Roberson? Estamos ferrados", era uma frase comum na roda de conversas do início da temporada, principalmente quando começamos com quatro derrotas em quatro jogos, com o ala tendo sete acertos em 24 arremessos tentados, sendo um de 14 do perímetro. Caso perdido, certo? Errado.
Em relato para o jornal NEWS OK, de Oklahoma, Ferguson disse o quão Russell Westbrook foi importante para ajudar no momento difícil do ala. Após uma derrota difícil, dentro do período dos sete primeiros jogos, Ferg estava indo meia noite para arena e Russ perguntou aonde ele estava. Ferguson respondeu e Russ foi para o mesmo lugar "chego em 20".
Foto: Sarah Phipps/The Oklahoman |
O ala disse que eles tiveram uma conversa de aproximadamente 30-45 minutos que clarearam as coisas para ele, principalmente em relação aos seus arremessos.
"Ele poderia ter ido jantar. Ele poderia ter ido pra casa após um jogo ruim, ele poderia ter feito qualquer coisa. Mas foi tipo, 'Eu vou te encontrar no ginásio, vamos conversar, vamos superar isso juntos'...Isso significou muito." - completou T-Ferg para o jornal NEWSOK.
Desde os sete primeiros jogos que teve 1 de 14 em arremessos de três (7%) e 7 de 24 em arremessos gerais (24%), Ferguson hoje tem 42.3% do perímetro, melhor do time, e 45.4% em geral, sexto melhor do time. Os pontos, obviamente, melhoraram também, saindo de 2.2 para 7.3 por jogo.
Ferguson sempre foi determinado, vontade de sobra em quadra. Sua mecânica de arremesso segue a mesma, sendo só um pouco mais rápida. O empurrãozinho de Westbrook foi apenas a confiança que o ala não tinha encontrado ainda em seu segundo ano de NBA.
Hoje, Terrance é um dos pilares do time e finalmente, após muito tempo, parece que encontramos o que procuramos faz tempo: um 3nD. Aquele jogador que é um bom defensor e no outro lado da quadra ainda contribuiu, principalmente, com cestas de três.
Terrance Ferguson no ataque:
Sua movimentação não é muito ampla, acontecendo mais em transição ou quando ele faz o corte em direção à cesta, sempre bem pensados. Na maioria dos ataques, o ala fica estagnado na linha de 3PT, enquanto o time faz uma movimentação mais intensiva, que em alguma momento, irá achá-lo com o espaço necessário para pontuar.
No vídeo abaixo, temos os lances de um dos grandes jogos do ala na temporada, contra o Lakers. Reparem nas bolas de três que ele converte, quase sempre com espaço e estagnado em um determinado ponto, só esperando a bola chegar.
Ferguson terminou com 21 pontos e seis bolas de três, melhor marca da temporada, junto com a partida contra o Spurs.
Além da eficácia do perímetro, Ferguson é um ótimo jogador na infiltração. Como dito acima, seus cortes em direção à cesta são bem feitos, não sendo apenas para enterrar. Com a confiança que construiu recentemente, o ala virou ponto de alerta no perímetro, fazendo com que a defesa adversária fique mais ligadas nos arremessos, deixando mais brechas para infiltração.
Não é exagero, mas é realmente difícil encontrar lances do Ferguson sem ser bolas de três. Mas acima consegui lances de dois jogos em que ele mostrou bem seu poderio de infiltração e fazendo o corte em diferença à cesta, sempre usando bem sua velocidade e agilidade.
Terrance Ferguson na defesa:
Por não ser muito forte, Ferguson consegue se livrar bem dos espaços, se locomovendo muito bem na defesa e se livrando, principalmente, de bloqueios. Se você for ver os números, não vai achar muito. O ala trabalha melhor marcando o jogador, e não a bola.
Tendo 2.01m, altura relativa acima da média para jogadores da posição 2, Ferguson usa isso como vantagem. O melhor exemplo que posso trazer é de um jogo contra CJ McCollum. CJ tem 1.93 e é muito mais ágil, fazendo dribles e, teoricamente, se livrando da marcação com facilidade. Nesse jogo em específico, Ferguson mostrou seus melhores dotes na defesa em mano a mano.
Por ser maior e ter uma boa envergadura, o ala não perde muito quando o adversário arruma um mínimo espaço que seja para pontuar. A altura à mais o ajuda a recuperar o tempo que perdeu, seja por um bloqueio ou drible. CJ terminou tal jogo com apensa 10 pontos tendo quatro acertos em 15 arremessos tentados, contudo, apenas um turnover. Como dito, Ferguson é melhor marcando o jogador do que a bola.
Nos números: 0.5 roubos por jogo, 0.3 tocos por jogo, 46.5% de aproveitamento de arremessos por jogadores marcados por ele, 34.7% de 3PT por jogadores marcados por ele.
E você pode achar que não, mas ele é bem útil na defesa de post, muito devido a alta troca no PnR.
Por não ter muito físico, T-Ferg persuade o adversário, que na maioria das vezes é maior no post (alas-pivôs), à ir pra cima. Contudo, Ferguson tem uma boa envergadura, e com braços longos, consegue atrasar o adversário para que os companheiros aproveitem para afastar a bola. Noel e Grant são prova disso. Nos *primeiros minutos do vídeo abaixo vemos dois lances contra Giannis Antetokounmpo que Ferguson executou isso com perfeição quando ficava responsável pela marcação do grego.
* Minutos das jogadas: 0:15 e 1:55
Não devemos esperar que Ferguson vá muito além disso, se tornando o melhor defensor da liga e um arremessador de 3PT contest, mas para um jogador que tinha como objetivo suprir a ausência de Andre Roberson, ele vem fazendo muito mais. Quando Dre voltar, teremos uma arma e tanto, à disposição para melhorar nossa segunda unidade e nos levar cada vez mais longe.
Parabéns. Análise perfeita.
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